This essay written by Egídio Álvaro, titled Alternative without Ambiguities was a reflection on the works performed Alternativa Performance Festival at Almada, Portugal in August 1983. In the article he makes reference to my contribution Waiting for Christopher Columbus.
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Egídio Álvaro almada 1983
Agora, com três anos de existência, após um confronto permanente com as realidades culturais e sociais portuguesas e com as dificuldades práticas de organizar um grande festival internacional de arte actual, já podemos tirar algumas conclusões sobre a importância real e sobre o impacto concreto da ALTERNATIVA.
A <<revolução do olhar>> que anunciámos desde o início realizou-se plenamente. Em Almada, hoje aqueles que puderam assistir às três Alternativas podem ter ficado chocados ou entusiasmados. Mas não ficaram indiferentes. As centenas de adeptos da primeira edição tornaram-se milhaares. As discussões e as análises tornaram-se mais frerquentes, mais profundas, mais documentadas e construtivas. As necessidades e as vantagens do contacto directo com a arte viva são agora uma evidência, serão talvez ámanhã uma evidência generalizada e justificada. A Alternativa deu às diferentes camadas da população uma visão da arte, da creatividade, da expressão plástica que já não poderá mais contentar-se com manifestações provincianas e menores. E isto porque a chamada <<população não sensibizada>> ao fenómeno artísticoi sabe agora que é possível ir muito mais longe.
Porque espera e merece ser tratada como adulta e responsável. Porque também já não pode aceitar as migalhas culturais enviadas à provincia por uma burguesia diminante decadente e muitas vezes retrógada nos seus gostos e nas suas escolhas. E a Alternativa alastra a todo o país, lenta mas segurameeente, graças àqueles que nela participam e logo se tornam seus emmissários entusiásticos.
O <<confronto directo com as massas>>, e particulartmente com a juventude, outra das nossas opções fundamentais, continua a ser uma das constantes da Alternativa. Estes ano, milhares de pessoas puderam assistir às mais variadad expressões artísticas contemporâneas: performances, video, pintura, poesia visual, desenho, esucltura, gravura, instalações, música experimental, dança, arte postal, formas de expressão multimédia, polivalentes, associando disciplinas diferentes, antagónicas, complementares ou contíguas. Este contracto directo, tantasa vezes recusado por outros, em Portugal como no reseto da Europa, não se pratica sem riscos. Riscos de violência gratuita da parte daqueles que não aceitam diferença, nem a liberdade, nem a descoberta. Riscos de excessos da parte daqueles em quemm a paizão ezplose dubitamente e que desejatiam ir muito mais longe e muito depressa, e que deixam de poder do,minar a sua impaciência. Riscos obrigarórios de incompreensão da parte daqueles que leveram décadas a estruturar e establizar o seu pensamento e a sua visão do mundo em função dos dados quepossuiam, e que se vêem de repente face a realidades fabulosamente atraentes e significativas, realidades <<outras>> em total sincronia com o munso. (são talvez esses, os que assistem ao desmoronar dos mitos e dos tabús que sempre jugaram indestrutíveiss, são talvez esses os mais fechados e amargos). Mas os eiscos constituem uma parte da acção. Por isso a Alternativa os aceita e os tenta resolver.
Que resultados obtivémos? Uma adesão calorosa e crítica de milihares de jovens. O desejo expresso por muitos e concretizado por alguns de <<passar ao acto>>. Um mínimo de violência gratuita e um máximo de diálogo turbulento mas positivo. Interrogações insuspeitadas que um dia terão as suas repostas e abrirão novas vias de liberdade, novos rumos à creatividade.
Sem grandes sobressaltos nem convulsoes a dinamização cultural de um país deixa de ser voto pio, vaga esperança, tempa brumoso. É um facto. Também desde o início defendomos a ideia de uma valorização da nossa <<identidade cultural>>, sem perda da necessária e obrigatória fecundação operada pelas práticas de artistas vindos de outros países e de outras culturas. Aquilo e aqueles que trazemos a Almada, à Alternativa, fazem parte da actualidade mais explosiva, constituem uma criatividade contemporânea saída directamente da sua fase laboratorial e aberta ainda à pesquiza. É do confronto entre as nossas manerras de vêr, de sentir, de produzir - das nossas vivências - com aquilo que de impportante é feito noutras latitudes que emergem e se afirmama s nossas potenciallidades e a nossa força criadora particular e específica. Oposros por princípio à <<importação sem assimilação nem contrapartida>>, tivemos a alegria não só de vér os artistas estrageiros interessarem-se pelo que é apresentado pelos artistas portugueses e tentarem compreender os seus vectores de inserção no real, como ainda a alegria de vêr alguns dos nossos artistas serem por eles convidados, em condições decentes, para festivais internacionais, graçzx ao valor da sua obra e sem passarem pelos deprimentes e deformantes canais oficials, que continuam a usar os velhos antolhos quew tanto criticavam nos <<responsáveis>> culturais que os precederam. Viva, a Alternativa promove circuitos vivos, e é na altura quqe estão vivos e inquietos na sua busca que envia os artistas portugueses às manifestações internacionais. Assim se revela e se reforçz a identidade cultural de um país: num contracto sem complexos com outras culturas e outros esquemas artósticos. Falámos também, desde o início, nas aberturas sa Alternativa às diversas estrututas da cidade. Queríamos saír do quadro opressivo, burguês, masoquista, auto-satisfatório e auto-censurante do museo, da galeria, do espaço fechada reservado a um punhado de eleitos. Os exemplos desta abertura são muitos. Citemos, nos deste ano, a utilização repetida do palco da rua, a performance na praia do <<Ponto Final>>, frente ao rio, o espectáculo de video e música no maravilhoso miradoiro que domina o Tejo e Lisboa, as intervenções na Escola n.o 2. a dança no adro da Igreja. Sítios onde, à partida, o público seria nulo, mas que sempre estiveram cheios, apesar dos inevitáveis atrazos e das esperas por vezes longas. Novidades? Cada ano a Alternativa apresenta algumas, alrgando o seu campo de intervenção. Nesta sua terceira edição foram a Fotografia considerada e pacticada como arte, a Arte Postal Internacional e a Gravura. E um lugar mais importante dado à Dança e à Música experimental.
Outras, contudo, mais subtis, foram propostas. Lemremo-nos do artista australiano que, durante uma semana, construíu com pedra e lama uma chaminé totémica perto do rio, e que a utilizou por fim, ao sol poente, numa estranha e comovente homenagem a Cristóvão Colombo.
Ou das intervenções de poesia visual dos três portugueses, tão fortes, tã diferentes e tão fascinantes.
Alternativa é um Festival em evolução, dedicado a um povo a despertar da letargia que as condições de vida e de acesso à cultura lhe têem imposto.
Para os participantes internacionais a sua característica mais evidente - e por vezes negativamente surpreendente, sobretudo no que diz respeito às condições de alojamento - será talvez o caracter ferceiromundista de que se reveste. Experimentação sem limites, sem recurso aos grandes meios utilizados por todo o lado. Recusa do elitismo, abertura à população, diálogo possível e desejado entre todos os participantes. Uma nova maneira de conceber a arte na sua relação inequivocamente obrogatóia e particularmente enriquecedora com um público ávido de participar.
A Alternativa deixa traços formidáveis nas memórias, bombas culturais de explosão retardada no tempo que um dia frutificarão. É, aliás, o que ardentenente desejamos.
Egídio Álvaro
Almada, Portugal, Agosto de 1983
translation:
Alternative without Ambiguities
"..........Other, however, more subtle, outdoor proposals. Remember the Australian artist who, during one week constructed from stone and mud a totemic chimney by the river (the Tagus), and who, to achieve his goal, at sunset evoked a strange and moving homage to Christopher Columbus.
....................................."
Egídio Álvaro
Almada, Portugal, August, 1983